Olá,
nessas próximas linhas eu vou escrever sobre Amor, não sobre amor, ou AMOR, é
sobre o Amor mesmo, esse com o “A” maiúsculo alegorizante, ou seja, o Amor dos
poetas, esse amor que se confunde com êxtase, com paixão, que dói, dá embrulho
no estômago e que faz você pensar que é bipolar, depressivo, tem transtorno
bipolar ou é esquizofrênico. Esse amorzinho clichê mesmo, que passa nas
comédias românticas, nas novelas, nas trovas de amor e de amigo, nos romances de
Castro Alves, nos contos de Vinícius de Moraes, nas canções do Clube da
Esquina, nos filmes de drama e de comédia romântica.
Então “mon ami”, AVISO IMPORTANTE,
se você está nessa de negação das influências que a cultura
pequeno-burguesa-judaico-cristã-ocidental possa ter na sua vida em termos de
Amor, melhor nem começar a ler... Se você tá nessa de amor livre, de desapego,
de não criar expectativas, de super empoderamento de si, de curtir o momento,
de precisar estar com alguém sempre a todo momento (ou quiçá alguéns?!), de
desconstruir padrões socialmente impostos de “amor”, de achar que nova MPB (com
arranjo de banjo) é uma merda, que não aguenta mais sessão da tarde e que vinho
com lareira em Urubici ao som de Billie Hollyday é piegas demais, queride,
melhor parar por aqui, porque o que eu vou falar é justamente sobre esse
“monstro” criado pela sociedade burguesa, o tão temido “amor romântico”,
haaa... e não pense que será em tom de crítica, mas... de profunda empatia e
compreensão por ele, até porque, habitantes desse lado do meridiano de
Greenwich, eu, como vocês também fui “construída nessas bases”.
Nesses últimos tempos tenho sido
questionada (e muito) sobre não estar em uma relação há tempos, aliás, por não
estar em nenhum tipo de relação. As pessoas me perguntam que como, em um lugar
com tantas possibilidades de encontros, com tanta gente bonita, com tantas
propostas, tanto flerte, tanta gente interessante interessada, tanto de tudo
dentro desta esfera eu optei por estar... digamos: celibatária.
Não, não é falta de libido; também
não é por não desenvolver uma relação empática de amor (fraterno) pelas pessoas
interessantes interessadas; muito menos por não querer estar com alguém. Eu
quero estar com alguém, mas o grande problema é que faço a linha romântica
devotada incorrigível, o bom é que, pelo menos agora, saber disso e ser assim
não me faz mais sofrer.
Estar solteira e sozinha por opção
tem lá suas razões e talvez isso ajude a entender a natureza dos românticos, ou
das pessoas que não necessariamente acreditem em alma gêmea, mas que querem
estar por completo com alguém (e isso inclui devotar sua arte e seu modo de
criação também e principalmente com aquele com quem se está junto), românticos
amam profundamente as formas de existência e por conseguinte querem partilhar
esse brilho que enxerga em todas as coisas com o ser amado e logo, o romântico
também gostaria que esse encantamento fosse não só visto, mas também sentido, a
grande busca do romântico por consequência é partilhar as suas buscas, dividir
seus encantamentos com aquele que também se encante. A questão é que o
romântico busca isso no outro também e na grande maioria das vezes ele não
encontra e então, por consequência, ele se frustra. O romântico consegue superar
essa forma de ação auto-destrutiva quando ele aceita a sua natureza e ao mesmo
tempo ele aceita o tempo da espera, da chegada, quando o ato de
auto-indulgência do romântico se converte em um ato de fé.
Assim, ser romântico pode também ser
leve, e (por quê não?) possível nesses tempos “líquidos”, se transformarmos
nossos desesperos e quereres em aceitação (aceitação de que pode doer, criar
expectativas, apegos e frustrações; mas que isso também vai passar) e a nossa
vontade em fé, amando muito aquilo que se é.
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