Esses
dias estava pensando nos meus sofrimentos amorosos, talvez por não ter mais
muitas outras coisas para com as quais sofrer (sem menosprezar o meu modo de
existência, mas para trazer a clareza da consciência dos fatos) as minhas
relações amorosas sempre foram motivo dos meus mais profundos pesares. Não
porque não deram certo, mas por não ter dado nem o minimamente certo para poder
usar ao menos o clássico clichê “foi bom enquanto durou” ou ainda “teve seus
bons e maus momentos”... Não, sendo bem sincera, minhas relações afetivas só
funcionaram bem em um lugar: minha mente; até porque uma parte considerável
delas (tive mais paixões platônicas do que as efetivadas) nem sequer chegaram a
se concretizar em algum outro lugar além da minha cabeça.
E
hoje me peguei mais uma vez chorando por causa delas, ou melhor, pela ausência
delas. É... sempre foi um tanto quanto difícil admitir que me sinto sozinha
(fui educada para ser bem independente), ou melhor, que me sinto mal por estar
sozinha, não digo sozinha de relações afetivas, tenho vários amigos confiáveis
e leais por hoje em Floripa, finalmente, afinal, passei meu primeiro ano nessa
ilha totalmente desolada por não firmar nenhuma amizade contundente, por
consequência adquiri um péssimo hábito: me empantuchar de doces, e olha que
nunca fui muito fã dos doces, e agora, que me sinto suficientemente bem amada
pelos queridos amigos, a ponto de estar há mais de uma semana sem doces nem
glúten, me bate essa, de estar mal por estar solitária no sentido conjugal da
coisa.
Me
chegou de novo a velha depressiva, que maldiz os ocorridos e o suposto “azar”
do como diria Dominguinhos “Quem eu quero não me quer mas quem me quer também
não quero”; só que diferentemente das outras, dessa vez pude observar e ver bem
o que se passava, afinal, estar completamente só há mais de um ano teria de
servir para pelo menos eu entender o que se passa quando o incomodo por viver
só, bate. Olhei bem e vi... vi bem de pertinho o que me afligia e me deparei
logo de cara com o clichê de que quando se está bem contigo a melhor companhia
aparece em melhor hora... Oi?! Quem disse isso?! Alguém que acha que todas as
pessoas no mundo contemporâneo são auto-depressiativas, com baixa auto-estima,
prestes a se jogarem da ponte na primeira chamada de nova novela das seis?! Que
me desculpem os consumidores de auto-ajuda, mas tem coisa falha aí. Não sigo
esse padrão, sou bem arrogante, não me acho, me tenho certeza e guardo uma
profunda confiança nas minhas qualidades, não apenas me amo, como sou profundamente
encantada pelo meu ser (tentando entender aquele que disse que para ser amado é
preciso se amar primeiro, mas véi... eu me amo por demais!!!) e nem por isso me
colocava numa posição superior aos meus pares, sempre os admirava profundamente
pelas suas qualidades e não entendia porque não havia essa recíproca de
atenção, admiração e cuidado. Por que? Afinal “O Segredo” não era só vibrar e
mentalizar que o Universo se encarregaria de colocar aquilo que estava na sua
vibração na ponta do seu nariz?!
Bem,
passei umas horinhas elucubrando esses fatos, choramingando e esconjurando
todos os Best Sellers de auto-ajuda e depois de xingar muito os deterministas
do Think Positive que esqueceram das exceções, de maldizer o destino e
principalmente atacar minha incapacidade de fazer algo efetivo a respeito desse
suposto “fracasso emocional”, parei e observei: “o que mais me incomodava
nesses idos relacionamentos, ou até mesmo nos imaginários relacionamentos?”,
definitivamente um deles era o fato deles não terem “durado o tempo bastante
para se tornarem inesquecíveis” ou simplesmente nem terem chegado a se
concretizar de fato, ou ainda e o pior e mais doloroso eu nunca ter me sentido
realmente amada. A sensação que mais me corria o peito era a de me doar total e
por completo a pessoas que me viam como alguém para satisfazer desejos
passageiros, ou para preencher algo que faltava, ou simplesmente para se
sentirem amados, mas nunca para compartilhar Amor, isso me deixava o vazio, a
vontade de chorar e pior ainda era quando eu me lembrava daqueles que nem ao
menos queriam receber aquele amor. Não sei ao certo por quanto tempo fiquei a
lamentar os fatos, mas sei que parou no momento exato em que percebi o bem que
todas as pessoas pelas quais eu me encantei e me encanto fazem por mim; porque
eu percebi que muito do que me tornei hoje, que acho bom, que admiro, foi por
reconhecer o lado bom e as qualidades dessas pessoas, por admirá-las, acabei
por incorporar um tanto dessa boniteza que elas tinham pra elas em minha vida,
e por fim, percebi, que o melhor que elas fizeram foi serem espelhos, para que
eu pudesse enxergar o belo e o melhor que poderia sair de dentro de mim.
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