Se eu pudesse vos dizer algo,
seria que eu “com-paixono” das vossas dores. Não sei a profundidade delas, não
sei nem precisar a exatidão delas, mas com-paixão em meu coração por vós, eu
sinto e sei com todo o meu amor, o que eu queria e o que não queria.
Eu não quero, nem se quer pensar,
que eu poderia nunca mais ver os meus pais, não porque eles estão gravemente
doentes, ou porque as intercorrências do destino pode determinar qualquer coisa
inimaginável para o amanhã, mas simplesmente porque tudo o que está ao redor
deles, relacionado à eles e consequentemente à todas as minhas origens estão
sendo completamente pulverizadas. Todos os meus vestígios históricos,
culturais, sociais e ancestrais estão se apagando por completo. Eu não tenho a
opção de, num esforço contemporâneo “new age”, “neo hippie”, daquele que se
sente consumido pelo consumo, “desapegar”, já que tudo aquilo que constitui
enquanto mundo e vida, está despegando de mim, não porque eu queira, não porque
o mundo queira, mas porque alguns, creem que tem algo que eles queiram, e se
eles querem eles podem controlar o êxito de suas vontades, nem que elas
destruam aqueles que só queriam, apenas estar.
Eu quero fazer trilhas pelas florestas
colombianas; nadar e navegar pelas águas do Rio Congo e jogar seus diamantes
como pedras de brincar; eu quero recitar poesias em um sarau na Apameia;
escalar e caminhar o Himalaia por toda a sua extensão; poder dizer que hoje,
por mais um dia, fui o primeiro a ver o Sol se por no Mediterrâneo; eu quero
rezar ao redor fogo com a minha lá na aldeia, no meio da mata, sabendo que
amanhã vai ter peixe e vai ter milho, pra festejar; quero lágrimas de alegria
por mais um novo dia e de dor, só se for por dedão ralado ou outro amor
frustrado. Mas, se nada disso, mais eu puder ter, que pelo menos, depois desse
tornado, eu possa pelo menos ter, a terra em minhas mãos, lavada e purificada,
na certeza do coração de que todos que pisam nela, são profunda e
verdadeiramente, meus irmãos!
“Para todos aqueles que, sem
nenhuma vontade, são obrigados a deixar suas terras”
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