quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O sonho de Balestrand

         E era assim... ele me lia Neruda com a ânsia do ator que interpreta Shakespere no municipal pela primeira vez, antes do sono compartilhado, enquanto eu massageava seus pés com óleo de lavanda do nosso jardim repleto de flores que nunca paravam de se abrir para os nossos dias de sol. 
        Eu carregava uma Nsa. Senhora no peito e ele um milhão de estrelas em suas mãos, cantava-lhe minhas canções enquanto ele murmurava um acompanhamento qualquer que poderia se encaixar perfeitamente a qualquer som de primavera. Imitávamos os ventos enquanto dançávamos, amaciando o chão de madeira. E naquele balanço suave, ele ajeitava as calças do pijama que se desajeitava pelo seu corpo esguio. Nada poderia ser mais doce do que o seu sutil gracejo ao agradecer: pelo chazinho, pela bolachinha de nata ou pelo carinho inesperado no meio da tarde. 
        Ahhh, aquele encantador jeito de ajeitar os óculos enquanto falávamos sobre o nosso mais novo plano de mudar o mundo.
        E terminar o dia, mirando o horizonte das montanhas, sob a benção daquele manto de trigal e do olhar verde esmeralda.



2 comentários:

dee disse...

:) tu podias escrever um livro! que lindo!

Kin disse...

Foi um sonho que me veio, lá no meio dos fiordes noruegueses.

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