“É sempre ‘Eu, Eu, Eu’? Quanto
egocentrismo!”
Não é que seja sempre o mesmo bom e
velho egocentrismo, é que infelizmente não existe outro modo de ver que não
seja a partir da nossa própria perspectiva. É isso que eu tenho aprendido com a
antropologia. Não... não é que antropologia pretenda ser assim, inserida! Nem
de longe! Ela está me ensinando isso não pelo o que ela fala mas pelo o que ela
não diz e principalmente pelo o que ela se diz não ser e das ações que ela
julga não ter.
A antropologia tem me mostrado, através desse
pretensioso, arrogante e prepotente princípio de distanciamento, isenção e
cientificismo que, nada, nenhuma análise, nenhum discurso, nenhuma etnografia,
nem releitura é isenta. E acho (só acho mesmo) que eu estou quase conseguindo entender o
Clifford (o James Clifford, não o Clifford Geertz), estou quase entendendo, que
ele também via isso, mas não escreveu as claras assim, porque, simplesmente faltou-lhe
coragem. Logo, ele fez páginas e mais páginas de discurso acadêmico rebuscado e
sobre o que ele queria dizer e não disse. Mas claro... isso é só uma suposição,
que, como já coloquei antes, a partir da minha perspectiva.
E dentro dessas perspectivas do Eu, vejo
que sempre foi só e somente eu. Sou só. Sou meu próprio professor, minha
faxineira, jardineira, cozinheira, a que me consola e que me dá alento, sempre
fui meu próprio homem, para todas as situações em que quiçá, porventura eu pudesse
precisar de um; meu próprio padre confessor e minha própria bruxa; minha xamã e
minha macumbeira; minha médica, minha curadora, minha própria enfermeira, minha
própria babá, minha própria advogada, minha bombeira, policial, heroína e salva-vidas; meu próprio oráculo;
motorista, guia e advinha; minha própria terapeuta, a que sempre soube me fazer
rir, chorar, parar e acalmar.
Eu em mim, na minha casa de toras, entre
as folhas da mata virgem, sustentando só, o fogo de meu coração.
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