sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A Bruxa da Floresta

“É sempre ‘Eu, Eu, Eu’? Quanto egocentrismo!”
Não é que seja sempre o mesmo bom e velho egocentrismo, é que infelizmente não existe outro modo de ver que não seja a partir da nossa própria perspectiva. É isso que eu tenho aprendido com a antropologia. Não... não é que antropologia pretenda ser assim, inserida! Nem de longe! Ela está me ensinando isso não pelo o que ela fala mas pelo o que ela não diz e principalmente pelo o que ela se diz não ser e das ações que ela julga não ter.
A antropologia tem me mostrado, através desse pretensioso, arrogante e prepotente princípio de distanciamento, isenção e cientificismo que, nada, nenhuma análise, nenhum discurso, nenhuma etnografia, nem releitura é isenta. E acho (só acho mesmo)  que eu estou quase conseguindo entender o Clifford (o James Clifford, não o Clifford Geertz), estou quase entendendo, que ele também via isso, mas não escreveu as claras assim, porque, simplesmente faltou-lhe coragem. Logo, ele fez páginas e mais páginas de discurso acadêmico rebuscado e sobre o que ele queria dizer e não disse. Mas claro... isso é só uma suposição, que, como já coloquei antes, a partir da minha perspectiva.
E dentro dessas perspectivas do Eu, vejo que sempre foi só e somente eu. Sou só. Sou meu próprio professor, minha faxineira, jardineira, cozinheira, a que me consola e que me dá alento, sempre fui meu próprio homem, para todas as situações em que quiçá, porventura eu pudesse precisar de um; meu próprio padre confessor e minha própria bruxa; minha xamã e minha macumbeira; minha médica, minha curadora, minha própria enfermeira, minha própria babá, minha própria advogada, minha bombeira, policial, heroína  e salva-vidas; meu próprio oráculo; motorista, guia e advinha; minha própria terapeuta, a que sempre soube me fazer rir, chorar, parar e acalmar.

Eu em mim, na minha casa de toras, entre as folhas da mata virgem, sustentando só, o fogo de meu coração.


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