será que el@ deu a seta???
É muito comum ouvir de
E não é pra menos, parece que a maioria dos motoristas dessa cidade acha que o pisca alerta é uma mera alavanquinha com intuito de atrapalhar o motorista na hora de virar o volante. Não entendo o não-dar-a-seta. Às vezes penso (falo isso por observação das desculpas esfarrapadas do meu pai para não dar a sinalização na hora de virar) que isso não é preguiça (como pode, é só levantar ou descer levemente o dedo), nem esquecimento, parece-me mais algo como um orgulho remido, uma arrogância, ou por vezes vergonha de parecer tolo e talvez ser pego por algum conhecido dando seta pro além, parece que o ato de não dar seta é um símbolo moderno da demonstração de sapiência e esperteza, como se precisasse de uma moderação refinada para saber as situações de conversão em que é necessário ou não dar a seta (uma etiqueta própria de algo que por lei é obrigatória em qualquer tipo de movimentação do veículo que fuja do eixo: reto e avante), ou pior ainda (e que infelizmente, creio ser o principal motivo do Não-dar-Seta), a tal da demonstração de poder, como quem diz: "Não devo satisfação a você, mesmo que eu não esteja na preferencial, Você deveria ver que EU estou querendo virar, e diminuir a velocidade/parar para EU passar. Afinal, sou sagaz, tenho olhos de lince e sei que dá tempo de eu passar e você motorista/pedestre infeliz/burro/filho da p*** fica quietinho aí, porque EU rei/rainha/diabo a quatro da paçoquita vou passar nem que seja por cima, sem dar satisfação alguma."
Penso que deva ter sido algo parecido com isso que a senhora que quase me atropelou hoje deva ter pensado, quando viu a minha pessoa, manca, atravessando lentamente na faixa de pedestres de uma ruazinha lateral a uma avenida preferencial, não preciso nem dizer que ela não deu a tal da seta, e ainda ficou esbravejando por entre os dentes. Detalhe, como se não bastasse isso, a dita cuja (assim como todos os outros motoristas que passavam por aquela via) corriam a pelo menos uns 60/70 km/h quando tem uma placa em cada quarteirão determinando que a máxima ali é 40 km/h.
O pior são as desculpinhas para tal ato (utilizarei como fonte bibliográfica para tais informações o meu digníssimo progenitor):
"Ahhh, mas só de olhar pro pneu do carro já dá pra ver pra onde ele vai virar" (olhar quando? quando você já está de baixo do pneu?)
"Aqui não tem como ir reto, só dá pra virar!" (é, detalhe que a rua é duas mãos, você vai pra direita ou esquerda? e mesmo que fosse uma mão só, quem garante que você não vai ficar parado, enfim... você tem que dar seta!)
"Vou dar seta pro Gasparzinho agora é?" (é, só que se você não dá a seta pro tal do Gasparzinho quem garante que você dará no meio do trânsito?)
"Eu vou entrar na rotatória, quem está na rotatória sempre tem a preferência!" (ahan Cláudia, senta lá! E só por isso quem está em qualquer outro ponto da rotatória tem que adivinhar para onde @ indivídu@ vai virar e esperar beeem tranquilo com cara de Jacu, o pior é quem quer atravessar no meio dessa folga toda no balanço do não sabe se vai ou se fica).
E falando nas ditas cujas das rotatórias, aqui em Marília elas se proliferam mais que copo de requeijão em cozinha de república estudantil, é mais ou menos assim: a prefeitura tá pobre (coitadinha) e tal lugar precisa de uma certa 'organização' no tráfego, então vão lá e metem uma rotatória, como se ela fosse equiparável a um semáforo. Como se já não bastasse os pontos de rotatória serem locais de trânsito intenso (porque na realidade precisaria de um semáforo, mas preferiram colocar a dita cuja) os digníssimos não sinalizam pra onde vão, daí quando o delta/triângulo/indivíduo está estirado no chão embaixo do carro, ou menos grave, mas não de menor importância, o carro se amassou no do outro, surgem os pretextos: "Ah, mas fulano não olhou pra atravessar" (claro que ele olhou, seu energúmeno, você que não sinalizou), "Não viu que eu ia virar!" (claro que não, você disse que ia reto), "Eu estava na rotatória" (puxa... que coincidência, pelo jeito os dois estavam, mas ninguém avisou pra que lado ia!).
A minha vontade agora era de roubar as setas de todos os carros de Marília e vender para o mercado negro, e quem sabe dar um fim útil às setas inúteis.
"Quem você pensa que é? Você nem dirige!" (mas dirigia quando eu tinha um carro, e ahhh, nunca deixei de dar seta, por mais deserta que fosse a rua, e ainda que a única alternativa fosse virar para a esquerda)
P.S.: Apesar desse texto parecer um tanto quanto generalista, como na maioria das coisas contraproducentes feitas por um grande contingente de humanos sempre tem uma meia dúzia que se salva...
Um comentário:
Aplaudo de pé esse post!
Quem é pedestre sofre demais - no nosso caso, aqui em Marília (acredite se quiser, mais do q em São Paulo). E quem é um bom motorista - como vc sempre foi, Kin - também fica prejudicado! A revolta é totalmente compreensível. Isso deveria ser publicado no jornal mariliense de maior circulação (mesmo q alguns achassem um absurdo)!
Contando uma situação q aconteceu comigo:
Estava eu indo atravessar a rua. Estava na beirada de uma faixa de pedestre da famosa rotatória do Cemitério da Saudade. Costumo andar meio nas nuvens mas na hora de atravessar, um alerta desesperado acende em mim e eu fico posta a qlqr movimento dos carros. Pois bem. Um carro estava vindo. Para @ motorist@ estava escrito PARE e pra mim havia uma faixa de pedestre. Ótimo. O carro vinha numa velocidade considerável, mas como havia grande número de carros já circulando na rotatória e também pelo fato de q a preferência era minha, resolvi atravessar. Quando estava terminando de atravessar o carro freou muito forte e bem perto de mim. A pessoa q estava dentro do carro fez uma cara horrível de qm comeu e não gostou. Senti minha vida por um fio e uma raiva subia à minha cabeça mas respirei fundo, olhei pro condutor e fiz sinal de "fazer o q, meu filho!" e continuei andando calmamente. O carro deu aquela típica acelerada de qm está bravinho e seguiu seu rumo.
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