sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Cartas Eletrônicas (alheias)

"Aquele dia ela chegou chorando em meus ombros. Sentira-se traída sem ao menos ter o amante. Ela chorou por três dias seguidos e ensopou o canto direito da minha camisa de flanela, xadrez de azul com verde e branco. Acabara de voltar de viagem, fora à terras distantes, já havia ido a terras distantes antes, porém nunca tinha voltado assim. Perguntei-lhe: - Mas, Psique!!! Você já esteve no reino de Hades e lá sempre me disseram que é pior Cabrália do Norte. Ela, entre uma profunda fungada e um esboço de sorriso: - Han, Hades...Os olhos dele eram sinceros, seu reino possuía aquela atmosfera sombria do reino dos mortos. Cabrália do Norte não possui atmosfera e o anfitrião de lá me disse meias palavras e tinha um olhar desviado. Fiquei ali, sendo lenço e travesseiro por mais algum tempo, breve para mim, que adorava tê-la em meus braços. Pelo menos a pseudo-traição me viera em boa hora e em péssima para ela. Somos dois eternos incompletos, ela por amar demais esses artistas perdidos entre o reino de Hades e Cabralia do Norte e eu por apenas amá-la. A camisa ensopada de água e sal não continha mais a umidade e aquele líquido de dor misturado ao suor penetrava meu peito e esfriava meus órgãos vitais. Três dias com seus cabelos em minhas mãos, sua cabeça sobre o meu ombro e toda a sua dor deitada em minh’alma. Passaram em três segundos, aqueles dias e ela se foi dizendo, com um sorriso triste nos lábios: - Me disseram que Eros morreu logo depois que eu parti para minhas missões, é visível, não? Não se vê mais aquele amor visceral em parte alguma... Adieu! Ela deu um simpático tchauzinho ao passar sob o umbral, largou a porta aberta, foi-se , mais uma vez vazia. E me largou aqui com uma baita amidalite. "

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