terça-feira, 24 de junho de 2008

Adiction aborted


You must let it flows

Ele precisava um pouco mais de paciência, precisava se tornar um homem, pois fora mal educado e quem o conhecesse certamente acharia que tinha sido cuspido no mundo, criado por algum dragão de Galápagos e sabe-se lá que tipo de acidente o fizera cair na sessão de clássicos da literatura mundial de uma biblioteca pública de uma cidadezinha provinciana.
Era um menino vivendo nas páginas do livro que ele mesmo montava com páginas retiradas dos outros livros que por acaso despencavam nas suas mãos. Nenhuma idéia nova brotava de seus caracóis caramelo e se algum dia a bibliotecária, por acaso, resolvesse averiguar se o velho volume do O Idiota ainda estava por lá, teria uma crise nervosa ao ver todas as suas folhas avulsas espalhadas por todos os cantos, junto com as da Divina Comédia, intercalada por algumas de Macbeth, com uma caricatura esdrúxula de um anjinho renascentista rolando e choramingando, entre risadinhas, por cima de toda aquela bagunça.
Aquela alma perdida num corredor de biblioteca, e certamente um pouco mais pertubada depois dos gritos histéricos da femme sérieuse, não espantaria os exotéricos caso mostrasse sua lua invertida atrás da orelha esquerda, sinal clássico dos órfãos de Neverland.

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