sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Nem um Dia

Quase matam-me, todos os dias. E todos os dias eu sobrevivo, todos os dias eu quase despenco na cova que abriram para mim. Todos os dias...
Todos os dias eu tenho sede, pois não consigo mais alcançar o céu e bebê-lo, não tenho forças para sair desse lago salgado onde me atiraram. Vem o resgate, escuto helicópteros que sobrevoam a minha dor e o máximo que conseguem é deixar-me um pouco mais próxima de sua superfície plácida.Tentam me matar todos os dias e eu sobrevivo, vivo, vivo pelos outros, vivo porque tem paciente na manhã seguinte, vivo porque querem ajuda para plantar margaridas, vivo porque querem refúgio no meu lar, vivo porque tenho que cuidar das violetas, porque tenho almoço para os amigos, porque tenho visita em casa, porque eu prometi aquela quiche quatro queijos pro final de semana, porque interromperam meu processo de quase morte e assim vou vivendo, vivo porque me salvaram.
E eu, enquanto sou salva vou salvando, mesmo manca de uma perna, mesmo me afogando um pouco mais a cada dia. Mesmo submersa meus braços ainda têm forças para puxar os zumbis do fundo do lago.

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