segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Do Beijo de Djavan às Considerações sobre John

O universo se rearranja!

Essa máxima é de Sophia, uma certa amiga mui querida com quem compartilho, em muitos dos meus dias, horas a fio de conversas afáveis, sonhos desvairados e algumas idéias.

Sexta decidimos que poderíamos fazer tudo isso em meio social.

Os diálogos:

“Hum, esse bar tem esses quadros de propagandas antigas, adoro-os! Onde será que se encontra isso?”

“Olha Cá, acho que em São Paulo você encontra alguma coisa, lembro que uma vez fui numa feira e tinha uma barraca que vendia”

“Legal. Deve ter de art nouveau também.”

“Han? Que é isso? Art nouveau?”

“Deixe-me ver...Hum... Ali – aponta – aquela propaganda ali é estilo art nouveau, costuma-se muito usar esse tipo de pintura em espelhos, tipo aqueles que você tem na sua casa, sabe?”

“Sei! Art nouveau...ART NOUVEAU... isso tem em alguma música, não? Mas qual? (pausa) Ahhhh! Já sei... Art nouveau da natureza, tocarei seu nome pra falar de amor...Bem Vamos pagar a conta?”

“Sim, mas eu ainda estou com fome!”

“Tudo bem, vamos comer algo no Évora.”

“Perfeito, fechô, adoro aquele café!”

Bem, dessas coisas de universo se rearranjando fomos ao tal café, não temos carro e apreciamos caminhadas noturnas pela cidade iluminada. Deve constar que, no caminho do tal bar até o dito café existe um clube onde às vezes fazem shows . Passávamos pelos fundos dele e ouvimos, com aqueles graves maravilhosos: “Pai e mãe, ouro de mina, coração desejo e sina...etc e tal”. Para aqueles que desconhecem algumas efusividades de meninas será necessário dizer que ao notarmos que estava tocando a tal música recém citada saímos, as duas, saltitando pela rua deserta e cantando, ou melhor, berrando a música aos quatro ventos, ao chegarmos perto da porta dos fundos, encontramos um casal dançando e apreciando o Show, assim, dos fundos, naquela rua vazia! A rua era dos quatro felizes apreciadores de Djavan e de lua. A música acabou, tocaram mais duas, o show acabou! Seguimos nosso caminho rumo ao café dantes citado, conversávamos felizes, sobre o não lembrar que naquele dia tinha o tal show, como era bom termos uma a outra, sobre nossos amores, nossas famílias e todas essas doces sutilezas da vida. Chegamos ao café, comemos, bebemos, sonhamos... Ao voltarmos, passando pela mesma rua, nos deparamos (rodeado por uma meia dúzia de fãs balzaquianas) na calçada com aquele que nos propiciou a trilha sonora daquela noite. Sim, encontramos o Djavan saindo, na mesma rua semi-deserta onde a pouco dançávamos e cantávamos sob a lua crescente. A Sophia (muito mais efusiva do que eu) foi lá, abraçou-o e ganhou um beijo dele na bochecha, dizer que ela está sorridente e deslumbrada até agora não é exagero.

Desse episódio, fomos dormir. Acordei, dia seguinte, com a Yoko em minha mente, bem, na realidade não acordei com ela em minha mente, ela surgiu após um comentário que a Sô fez sobre bundas caídas, e nisso veio imediatamente à mente a contra-capa daquele álbum onde John e Yoko estão nus de costas. Na hora, ela (que é uma beatlemaníaca) me mostrou uma reportagem sobre os dois. Comecei a lê-la, e como toda reportagem atual sobre os dois Yoko é exultada como a grande mulher na vida de John, diferentemente de anos atrás, onde toda a imprensa hostilizava a amada de John, desqualificando seus atributos físicos (como se o tal mito britânico fosse muito mais bonito que a garota nipônica) e exultando os da ex-esposa (Cynthia). Hoje, muitos fãs do cantor nem ao menos sabem que John fora dantes casado com uma bela loira, que segundo consta nas atuais biografias era complacente as vontades do marido e alheia as suas atividades e interesses, sendo que na época a tachada de “songa” era Yoko. Mas afinal, quem seria a desqualificada ou a que realmente amava John? Isso não faz muita diferença, afinal, os contadores de histórias ou a imprensa diz o que bem entender dependendo do que for mais conveniente à época contextual. O que é muito possível e certo seria que ambas o amasse a suas maneiras, Cynthia certamente cria que amar era dar ao amado, liberdade e não intervir nas suas decisões profissionais, já Yoko certamente achava que amar era ser co-participativa em todas as atividades do parceiro, apoiando, opinando e até mesmo indo contra algumas decisões que pudessem prejudicar ou serem infrutíferas ao bem amado. E nisso fica-se a pensar, o que levou-o a escolher por uma e não por outra? Certamente não foi por julgar o Amor de uma melhor que o da outra e nem por aquele SIM, otimista e esperançoso pintado no teto de uma galeria. Talvez o que se passou foi um beijo de Djavan, nessas ruas desertas em horas que não imaginamos pousa sobre a nossa cabeça uma estrela divina que nos encanta eternamente. É a música tocando na hora exata.

4 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito. Só um reparo: no disco John e Yoko estão num nu frontal e não de costas...
Alex.

Kin disse...

Ahn, Bem Alex, então deve ser outra parte do disco, ou uma outra foto da mesma série da seleção que eles fizeram daquelas fotos onde eles se fotografaram nus.
Porque eu sei que tem essa foto dos dois de costas. Se bem que, segundo a minha amiga Sophia, nem faz tanta diferença assim...

Kin disse...

pronto...corrigido

Cau. disse...

Ai, Kin! Lindo, lindo esse post.
Dá muita vontade de sair saltitando pela rua cantando uma música!

Adorei a reflexão sobre diferentes formas de amar. Ficarei refletindo em cima disso por muito tempo...

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